quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Tempo que passa




Tempo que passa
Mão que desarma
Navalha que atravessa a carcaça
Gosto desfeito
Desgosto que afia
A faca sobre seu peito
Concussão de suas ambições
Fogueira da vaidade
Que queima seu ego
Sem nenhum respeito
Água ardente
Fogo da maldade
Que lhe consome
Em um domingo deprimente
Tempo que passa,
Mas não transforma
Tempo que lhe engole
Com(o) as areias de seu deserto
Fulgor inibido
Na certeza de seu não vir




A chuva caiu sobre nós




Caminhaste pela fina ponte da ambigüidade
E tua moral caiu
Lá embaixo,
Desequilibraste o esquelético e definhado
Lado da alvura
Pisaste no cadáver da moral
Com a intenção de alcançar as nuvens
E os anjos atentos a teus passos
Caíram no pranto
E a chuva caiu sobre nós



Figuras Messiânicas




Sorriso afável
Mão calorosa
Olhar atencioso
Apoio que se paga de volta
Em um aperto de mão
Interesse que disfarça o desinteresse
Que nasce no outono do hemisfério boreal
A cada quatro anos,
A atenção concedida
No esvair da vida
Que demonstra a chegada desta estação,
Estabelecem a união
Frente à desilusão
Da falta de atenção
Concedida à população
Ao longo de gerações,
Figuras messiânicas
Que, com suas lágrimas de lamento jorradas,
Brotam o emaranhado de flores de zelo
Que ao público são oferecidas
De mãos abertas
E, então, é acertado
O esquecimento por três anos







Aroma divino






Na ausência de acasos e coincidências
A língua sagrada mostra
Os caminhos que nos levam ao encontro do amor
Através de suas letras com significados ocultos,
Na sabedoria celestial
Ahavá é uma flor
E dela exalam
Os perfumes de Ichud
De Havana
De Biná
E de Hitconenut
Neste aroma divino
Emerge o conhecimento amoroso
Que serve melhor
A nossos propósitos
(Do) Que a simples vaidade da conquista


אהבה- - Ahava- Amor
א- איחוד- -Ichud- União
היתכוננות- - ה -Hitconenut- Preparação espiritual
בינה- - ב - Bina- Sensatez
הבנה- - ה -Havana- Compreensão mútua








Ventos de eventos





Suas emoções interiores
São sacudidas
Pelas agitações dos ventos
Que lhe tomam de percurso
Ventos de eventos
Que estremecem
Os galhos de seus julgamentos
Que movimentam
A gangorra de seus pensamentos
Ventos de eventos
Que sobem
Por todos os andares
De seu bom senso
Ventos de eventos
Que tomam partido
De um lado
E desequilibram
O cabo de guerra
De suas decisões



Saliva de tua mentira





Os homens dão as costas ao humanismo
E só lhe estendem as mãos
Quando o peso de suas ações vilíssimas
Ameaça trazê-los de volta
Ao pó da terra
Vencidos na poeira do desalento
E iludidos em falatórios
Cuja verdade é diluída
Na saliva de tua mentira,
Na avidez de seus seres,
Agarram-se às mais doces e pérfidas
Promessas de redenção




Completa felicidade





O sonho é um sexto da profecia, segundo o livro do esplendor
Assim sonhamos até o limite da racionalidade
Na espera de que consigamos a fração completa
De nossa felicidade
Em todo o mundo
Não há infortúnio pior ou maior
Do que Rahav impõe
Esse anjo insolente
Que arranha nosso ego
E pune de acordo com o prisma celestial
Negligenciamos os propósitos celestes?
Então, por que , crocodilo de lágrimas falsas
Pois é a insensibilidade que te caracteriza
Coloca-nos no jugo de sofrimentos
Que ofuscam a beleza da aurora?
Não nos diga
Que tem de ser como as mazelas
Do Egito antigo
Porque agora nossos sonhos
Vão além da racionalidade
Para que obtenhamos
A nossa completa felicidade





No vale da divina atração





No vale da divina atração
Onde o amor era conduzido de boca em boca
E eletrizante convivência surgia entre as pessoas
Sua imaginação nunca pode chegar
Por hora
Encontra-se no lodaçal do marasmo
Onde a zombaria do silêncio
Atola-o um pouco mais
Minuto a minuto
Esse silêncio,
Que diz muito na verdade,
Forma sua concepção
Sobre como conduzir
Energia vital
Pelos circuitos inconduziveis da solidão
No curto-circuito de suas emoções
No vale da divina atração
Onde múltiplas correntes percorrem seus caminhos
Na certeza da abertura de seu âmago-sistema enigmático
Tal como o amor: confiança,
Perseverança, e, então, é carregado por harmoniosa vivência




Jugo animal


Rugido de leoa
Que neutraliza suas defesas
E depõe contra sua realeza
Sob seus próprios domínios
É o seu falar
Precisão de águia
No apanhar de sua vergonha
E no arrebatar de sua tranqüilidade
É o seu olhar
Mordida de cobra
Cujo veneno de destempero flui
Em suas veias dilatadas de raiva
Dente cravado na incompreensão
Que custará a cicatrizar
E reviver a calmaria
Será o seu escutar
Fuga de ratos
Temor incontrolável
O passar dinâmico
Fervido pelo calor de sua consciência
Consciência renovada
Pelo amanhecer de um outro dia
Será o seu sentir
Jugo animal
Nas veredas da selva da vida




Malandragem



A pobreza é a seiva da malandragem
Malandragem que pula de esquina em esquina
Marca presença no murmúrio de lamento
No fim da tarde
Estabelece suas tendas de acolhimento
A malandragem que é
O circo alegórico da sobrevivência
Palhaço espirituoso
Riso eufórico da contravenção
Alegria transviada
Afeição desinibida
Palhaço descomedido
Fundos desprovidos de seriedade
Confiança desfeita
Na frieza das dificuldades
A elaboração de palavras
Que tapam o buraco
Do tiro que saiu pela culatra
E, enquanto isso,
O verdadeiro espetáculo da vida
Passa por nós em marcha acelerada:
O despertar de nossos ideais


Exílios




Dos cativeiros da Babilônia
Tínhamos nossa lira
Para entoar a melodia da esperança
Das masmorras romanas
Tínhamos já nossos mestres-guia
Para orientar os cegos no exílio
Nos guetos europeus
Transpirávamos medo
Mas nossos olhares refletiam
Esperança na qual a lira
Já não conseguia mais nos presentear
E até mesmo na desconcentração dos campos do Holocausto,
Israel renasceu das cinzas
Em seus próprios domínios
Mas o que sucederá
Àqueles de Israel
Que nunca conheceram o toque da lira harmonizante?
Que dão passos desregrados sem o auxilio de nossos mestres
Cuja esperança foi vencida pelo descaso?
Aqueles filhos de Israel
Que habitam o pior dos exílios
O exílio da incompreensão
O exílio de suas próprias incompreensões
Ou pior, o exílio além da compreensão de D’us
Como esses israelitas renascerão das cinzas?
Se o próprio calor que as fez
É abrandado pela gélida distância
De seus próprios domínios
Estes rogam aos céus
Para que a compreensão
Emoldure suas vidas
E o exílio seja o trampolim da redenção




Amantes natos



Há tanto amor dentro deles
Que tamanho excesso
Acaba por trazê-los amargura
E por que isso se passa?
Porque amam com tanta intensidade
Que seus amores são recebidos com desconfiança
Nos corações ariscos e céticos de seus amados
Amam com tanta facilidade
Que a recusa de seus amados
É o despencar de um precipício
Princípio do fim do mundo
Amam espontaneamente
Com a mesma certeza,
De que o sol nascerá amanhã
E por que carregar nas costas
Tamanho fardo de amar sem ser amado?
Por quê? Se, ao final, o ceticismo coroa
O amante e o amado
Porque, assim como a natureza segue seu ciclo,
Cultiva-se o amor entre amantes natos
Assim é o ciclo exigido por suas próprias naturezas
E nada mais é necessário além do amor
Nem para os amantes nem para os outros



Anseios desregrados





Os sonhos alimentam somente a esperança
Os anseios são mais exigentes e de narizes empinados
E só se satisfazem quando a realidade concretizada
Surge a seus pés
Insuficientes são as ondas de dúvidas
Que com seu vai e vem
Prometem a vitória
Derrubando os pilares da hesitação
Para, em seguida, em sua retração,
Deixar-nos na umidade da espera
E dispenso a brisa inconveniente
Que insiste em carregar
Em minha direção
Rumores de temores
Mas se a terra não me traga para seus confins
Nenhuma ofensa desanimadora pode existir
Sigo o que o destino me prescreve e ofereço, de bandeja,
Tal realidade concretizada aos anseios desregrados





Esperança




Esperança
Que se renova
Infindáveis vezes
Para contrabalançar
O peso das angústias
Para anular
O veredicto de desencorajamento
Decretado pela corte da descrença
Que caminha entre nós
Assim como a sombra o faz
Dissolve o acovardamento
Nas águas da coragem,
Que afronta o descaso,
Que pisoteia o infortúnio,
Que semeia em nós
O olhar mixado
De encorajamento e orgulho
Esperança que renova
O sopro de vida






Fração completa de meu amor






O anjo da morte
Veio me laçar
E então percebeu
Que eu era demasiado pesado
Pois o peso de meu amor
Era tudo
Então congelou o horizonte de minhas emoções
Na esperança de que eu estendesse
As minhas mãos
Rumo ao calor infernal
E, desde então,
Não senti mais nada
Mas, mesmo em meu flagelo emocional,
Só lhe estendi a mão
Para esbofeteá-lo
Na esperança de que meu furor
Trouxesse de volta
A fração completa de meu amor




Lindos atributos



Eu vi no azul envolvente
De teus olhos
Tonalidades que me encorajavam
A expressar o melhor de mim
Suas tonalidades eram revestidas
De lavev- fascinação
De vedaut- certeza
De iea- adequação
De zechut- clareza
De hevzek- brilho
Lindos atributos
Parte integral de ti
Que carregas em teu nome
Cubra o mundo
Com tuas tonalidades
Para que o mesmo
Se dê conta
Da importância
Da presença de teu ser
Querida Luiza


לויזה- Luiza
ל-לבב- lavev- fascinação

ו-ודאות – vedaut- certeza
י-יאה - iea- adequada
ז-זכות - zechut- clareza
ה-הבזק –hevzek – brilho




Asa de borboleta



Asa de borboleta
Que encorpa
Nos sonhos de seu coração
Asa de borboleta
Tão delicada
Que anuncia a capitulação
Asa de borboleta
Que denuncia
Tão frágil situação
Mas que encontra sua alegria em você
Asa de borboleta
Desacreditada
Com seu vôo centrado
Alcança a sua paixão
Asa de borboleta
Depreciada
Deixou seus medos
Para trás
E traz orgulho
No vai e vem de suas asinhas

Nenhum comentário: